Proposta de trabalho #3: Infografia
“Com base num material de caráter jornalístico (artigo/notícia) desenvolva uma infografia orientada para um contexto editorial específico.
Objectivos:
- Compreender o conceito de imagem enquanto elemento e linguagem de comunicação visual;
- Desenvolver a capacidade de interpretar e apresentar visualmente informação;
- Explorar a infografia enquanto linguagem informativa, desenvolver a capacidade de visualização do pensamento e comunicação visual de informação;
- Capacidade de identificar os elementos infográficos;
- Compreender o processo de construção de uma infografia;
- Capacidade de integrar uma infografia num contexto editorial específico;”
Infografia
Apesar de ser uma atividade conferida a designers, a infografia é tratada mais frequentemente sob uma perspectiva jornalística. Por isso tem sido mais usada na vertente da comunicação e é vista em contextos de aplicação como jornais, revistas e media digital devido à sua natureza informacional.
As infografias são comuns ao jornalismo contemporâneo, mas comportam-se de forma diferente da estrutura gráfica jornalística tradicional. É importante diferenciar a infografia de recursos gráficos tradicionais como mapas, gráfico estatísticos, diagramas e a ilustrações, pois estes costumam servir como complementos de textos escritos. Já a infografia jornalística é principalmente um meio de informação que combina esses diferentes recursos. Além disso, atuam como matérias jornalísticas independentes, não sendo necessariamente subordinados a outros textos jornalísticos.
Há diversas formas de definir “infografia”, entretanto, a definição mais fundamental parte do próprio significado da palavra. Ribeiro (2008) afirma que a expressão vem do termo inglês “infographic”, uma redução de “information graphic”, que significa “informação gráfica”. Em português, o termo “grafia” denota escrita e “info” remete a informação. Desta construção, diz-se que infografia é “informação + gráfico”, geralmente interpretado como uma imagem acompanhada de texto.
Segundo Horn (1998:8), a integração de texto, imagens e formas numa única unidade de comunicação e/ ou o uso de texto e imagens ou texto e formas para compor uma única unidade de comunicação definem a linguagem visual.
Os gráficos explorados pela infografia, são, portanto, dados já interpretados. Diversos autores propõem classificação desses gráficos, levando em consideração e teor do conteúdo, como Tufte (2001) e Rajamanickam (2005). Tufte (2001) defende que as infografias são configurados em desenhos gráficos fundamentais:
- Mapas – as informações estão interligadas a fronteiras, formas e áreas geográficas.
- Cronologias – lida com a ordenação natural de escalas de tempo. Permite comparações entre momentos da escala escolhida.
- Gráficos relacionais – consiste em relacionar duas variáveis em um mesmo gráfico, com plano cartesiano (x e y) ou medidas abstratas.
Memória fotográfica
Relativamente a esta proposta de trabalho, foi sugerido pelo professor trabalhar um tema de uma lista disponibilizada pelo JPN. Assim, decidi trabalhar a temática dos alfarrabistas do Porto.
Inicialmente foi fornecida pelo JPN uma lista com os alfarrabistas da cidade do Porto, bem como os contactos de e-mail e telefónico e as moradas. Contudo, constatei que a lista estava bastante incompleta, por isso decidi fazer a minha própria pesquisa. Encontrei uma quantidade de alfarrabistas superior à previamente obtida e, quer através de telemóvel, quer presencialmente, estabeleci contacto com os alfarrabistas de forma a poder recolher informação.
Primeiro, estabeleci as perguntas a colocar consoante os dados que pretendia saber e fui registando a informação.
- Inauguração
- Quantidade de livros em loja
- Nacionalidades dos autores
- Idioma dos livros
- Géneros
- Amplitude dos preços e mediana
- Livro mais antigo
- Outros
Depois da informação recolhida, comecei a pensar em como a iria organizar na infografia e que recursos iria utilizar. Assim, comecei por esboçar o seguinte esquema:
Dado que o mapa é um dos elementos gráficos essenciais das infografias (Tufte), em relação à localização dos alfarrabistas, primeiro pensei no tradicional mapa da baixa da cidade. No entanto, por talvez ser um elemento “pesado” e por alguns dos alfarrabistas se encontrarem longe do centro (aí teria de ser um papa de uma dimensão maior), não achei adequado utilizar um mapa. Por isso, pensei num diagrama a partir da estação de São Bento com as livrarias e as distâncias. A estação de São Bento porque é um ponto de chegada da cidade e localiza-se no centro de um círculo hipotético da localização das lojas.
Comecei por fazer um segmento de reta na vertical que representava a Avenida dos Aliados e para a esquerda e para a direita partiam ramos que representavam os alfarrabistas conforme a sua localização. Desisti desse formato por questões estéticas e de organização.
Assim, decidi continuar com o segmento de recta-Aliados, mas desta vez, trabalhar com uma espécie de régua organizada por ordem decrescente de proximidade à Avenida.
No segmento horizontal perpendicular com o segmento amarelo encontra-se a distância em metros ou quilómetros das livrarias em relação à Avenida dos Aliados. O motivo da escolha da Avenida dos Aliados é o mesmo que o da estação de São Bento na ideia inicial, ou seja, ser um local central e de grande concentração e passagem de pessoas. Como marca d’água, editei uma imagem do mapa da cidade do porto e coloquei na vertical por uma questão estética. Já na identificação dos alfarrabistas, referi o nome da loja e a rua onde esta se situa.
De seguida trabalhei as nacionalidades dos autores dos livros disponíveis, identificadas pelas bandeiras dos respectivos países. São nacionalidades conhecidas do público em geral por isso não vi necessidade de colocar legenda.
Depois, decidi criar uma cronologia acerca do ano de fundação/inauguração dos alfarrabistas, visto esta estar incluída nos elementos gráficos que devem fazer parte de uma infografia. Elaborei a cronologia no Adobe Ilustrator e de seguida editei e criei a marca d’água no Adobe Photoshop. Penso que não é muito visível, mas tentei que o espaçamento entre datas fosse proporcional ao espaço de tempo entre as mesmas. Chegeui a colocar uma marca d’água, dada a sua forma ondulada, sugeria a flutuação e o passar do tempo, para além de compor e acompanhar esteticamente a cronologia, mas retirei por achar que criava ruído visual.
O elemento que elaborei seguidamente foi o pictograma relativo à quantidade de livros disponíveis em loja por cada alfarrabista. Foi o elemento mais trabalhoso uma vez que tive de criar todos os elementos do pictograma, isto é, os livros que servem de unidade de medida. Optei pelos livros pela razão óbvia de o tema da infografia estar diretamente relacionado com livros.
Todos os elementos da infografia foram criados e trabalhos por mim no Adobe Photoshop ou Ilustrator, excluindo a última imagem (o património), que apenas trabalhei no Photoshop posteriormente de forma a adequar-se à infografia.
Dado que a amplitude de quantidades ia de 4 mil livros a um milhão, tive de estabelecer diferentes quantidades de medida para simplificar a leitura do pictograma. Assim, estabeleci três quantidades (100 mil, 10 mil e mil unidades – livros) e organizei-as de modo a que a leitura fosse rápida e inequívoca.
Para além disso, tive o cuidado de identificar o título e conteúdo de todas as figuras e colocar uma legenda adicional se necessário.
No que diz respeito aos géneros literários, achei que um gráfico circular era a melhor forma de quantificar os mais significativos e os menos. Assim, com os dados que tinha (realço que todos os dados que utilizei para a elaboração da infografia foram cedidos pelos próprios alfarrabistas) fiz no Microsoft Office Excel um gráfico circular representativo dos géneros literários disponíveis nas lojas e de seguida trabalhei o gráfico no Photoshop para corresponder ao modelo estético (nomeadamente as cores) utilizado na restante infografia.
Por fim, achei que era importante analisar o preço dos livros e que a melhor forma de o fazer era comparar a amplitude entre o preço mais baixo e o mais elevado, bem como a mediana de preços, ou seja, os valores mais comuns (não optei por analisar a média pois esta não ia ser uma boa representação neste caso, uma vez que a amplitude entre preços é muito grande). Joguei com o símbolo do Euro de modo a criar alguma dinâmica na composição. Por outro lado, desta forma é imediatamente visível que a informação ali tratada diz respeito a valores monetários.
Por fim, no que diz respeito aos restantes elementos da infografia, como o título e ícones, justifico as minhas escolhas.
Os ícones, são livros, e desde logo identificam o tema da infografia. São simples, mas visíveis, de modo a captar o olhar do leitor mas não a desviar a atenção. Escolhi cores vivas para contrastar com o background. Já para o fundo, escolhi um azul pastel por ser uma cor que facilita a leitura do que lhe é sobreposto e por causa do azul estar intimamente ligado à cidade do Porto.
Relativamente à tipografia usada, para “Alfarrabistas” usei uma font serifada e estilo handmade, que sugere antiguidade, uma vez que os alfarrabistas vendem livros antigos. Já para “Porto”, tentei usar uma font minimamente aproximada à do logótipo oficial da Camara Municipal do Porto.
Por sua vez, a introdução é breve, objetiva e apelativa, identifica e sumariza o assunto tratado na infografia.
Ultimamente, a composição que fecha a infografia, representa os monumentos e edifícios emblemáticos da cidade e considerei que era uma boa forma de terminar a infografia, enquadrar a informação e chamar a atenção do leitor.
Bibliografia
- DE PABLOS, Jose Manuel. 1999. Infoperiodismo. El Periodista como Creador de Infografia. Madrid: Editorial Sintesis.
- HORN, Robert E. 1998. Visual Language: Global communication for the 21st Century, Washington: Macro VU, Inc.
- RAJAMANICKAM, Venkatesh. 2005. Infographics Seminar Handout. Disponível em . Acesso em 8 de Junho de 2011.
- RIBEIRO, Susana Almeida. 2008. Infografia de Imprensa: História e análise ibérica comparada. Minerva Coimbra. TUFTE, Edward R. 1983. The Visual Display of Quantitative Information. Cheshire, Connecticut: Graphics Press.